15 outubro 2006

Debate das Acusações: Primeiro Bloco



Fonte: UOL Eleições

Começou e terminou crivado de acusações o primeiro debate com os presidenciáveis Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB), realizado na noite deste domingo pela Bandeirantes, na sede da emissora em São Paulo. Alckmin partiu para o ataque à ausência de Lula nos debates anteriores já na primeira fala, quando lembrou e agradeceu as presenças de Heloísa Helena (PSOL) e Cristovam Buarque (PDT). Segundo o tucano, Lula só compareceu agora por medo de perder a eleição. Lula e Alckmin trocaram críticas mútuas já a partir da pergunta inicial do mediador, o jornalista Ricardo Boechat. Ele quis saber se e como o próximo governo vai cortar despesas para melhorar os investimentos e fortalecer o crescimento econômico. "Vou cortar gasto não da Previdência, mas da corrupção", disse Alckmin, citando também a necessidade de cortes nos ministérios "sem nenhuma razão de ser" e nos milhares de cargos em comissão. Prometeu também cortar gastos nas compras superfaturadas através de bolsa eletrônica e pregão eletrônico, experiências realizadas quando governador de São Paulo. Lula sequer deu boa-noite aos telespectadores. "O meu adversário decora alguns chavões para participar de debates", disse. Segundo o presidente, os partidos dos adversários já governaram muitos Estados e "ficou claro que a única coisa que sabem fazer é cortar gastos naquilo que não poderiam cortar".

"Nós fizemos o país crescer como em nenhum momento da sua história nos últimos 20 anos", afirmou Lula. "Até parece que o governador não estava no Brasil em 2003. Poderia começar me agradecendo. Esse país estava totalmente falido, não tinha crédito, não conseguia controlar a inflação". Lula disse que seu governo gerou 7 milhões de empregos em apenas quatro anos. Na hora das perguntas entre candidatos, Alckmin repetiu a pergunta que vem fazendo desde meados de setembro: "De onde veio o dinheiro sujo, 1,7 milhão em dinheiro vivo, para comprar um dossiê fajuto?" "Faz 30 dias que ele quer saber de onde veio o dinheiro", replicou Lula. "O único ganhador nesse trambique todo foi a candidatura do meu adversário", disse. "A Polícia Federal é muito competente, ela não faz pirotecnia, ela investiga". Lula afirmou que Alckmin possivelmente teria saudade do tempo da ditadura, quando as investigações eram mais rápidas. "Uma investigação séria é demorada. Afastamos todas as pessoas envolvidas, cabe à PF fazer as investigações", disse Lula.

Ao fazer a pergunta, o presidente e candidato à reeleição citou a participação de Barjas Negri, ministro da Saúde que sucedeu José Serra no governo de Fernando Henrique Cardoso, no escândalo dos sanguessugas e da máfia dos vampiros. Negri foi secretário de Habitação do então governador Alckmin. "O candidato sabia ou não sabia das transações obscuras do Barjas Negri?" Alckmin respondeu que os escândalos não diziam respeito ao seu governo. "Não tem uma prova", afirmou. "Quanto ao Barjas Negri, no meu governo não tem absolutamente nada. Se há alguém que não tem moral para falar de ética, é o candidato Lula." Lula voltou à carga e lembrou que no governo do PSDB e PFL em São Paulo, 69 pedidos de CPIs foram engavetadas. "A que preço eu não sei", sublinhou. "Sou de formação pobre, mas da formação de quem não deve não teme". Segundo o presidente, Negri tem condenações provisórias do Tribunal de Contas. O candidato tucano questionou a afirmação de Lula de que não teria tentado impedir a realização de CPIs. "As CPIS só saíram porque o Roberto Jefferson contou a verdade pro Brasil. O governo foi derrotado, por isso é que saíram as CPIs."

Antes do evento, o senador Eduardo Suplicy (PT) lembrou que se trata da primeira vez que um presidente em exercício do mandato se dispõe a debater com um adversário em período eleitoral. Na campanha de 1998, encerrada ainda no primeiro turno, o presidente e candidato à reeleição Fernando Henrique Cardoso (PSDB) não compareceu aos confrontos na TV. O debate tem mediação do jornalista Ricardo Boechat e se compõe de cinco blocos. No quarto, em vez do confronto direto dos adversários, jornalistas farão perguntas aos presidenciáveis. No primeiro turno, os presidenciáveis participaram de três debates na TV, todos sem a presença de Lula: na Bandeirantes em 14 de agosto, na Gazeta em 13 de setembro e na Globo em 29 de setembro. Até o momento, está confirmada a realização de um segundo debate no segundo turno, na Globo, em 27 de setembro.

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